Entre a Vida e a Calunga
- WR Express

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Por: Elis Peralta

✅04/11/2025 | 09:02
Quando se fala em Dia de Finados, muita gente pensa em lágrimas, velas e flores
frias em túmulos.Mas na Umbanda, nós sabemos que esse dia é muito mais do que
luto , é passagem, lembrança viva e energia em movimento.
Na Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda (TUEA), onde caminho há 17 anos eu
reverencio a minha Guardiã Maria Navalha, afinal falamos aqui de uma tarefeira da
calunga, que toma para si essa data com força, que gosta de ser celebrada nesse
dia, pois sabe ver além da superfície da vida física.
Por isso, integro o meu olhar pessoal à visão maior da Umbanda, e convido você a
mergulhar comigo neste tempo de passagem.
Desde os tempos antigos, o homem sente essa vontade de honrar quem partiu. Os
Celtas já faziam isso muito antes do cristianismo existir. Para eles, a morte nunca
foi o fim, era o encerramento de um ciclo e o começo de outro. O mesmo que nós
entendemos na Umbanda através da vibração de Obaluaê/Omulu, o Senhor das
Passagens, da cura e do recomeço.
Quando olho para essa data, sinto que ela nos ensina a mesma coisa: nada morre,
tudo se transforma. A morte é só a alma voltando para casa.
Na Umbanda, louvamos as Almas todos os dias. Elas estão entre nós o tempo todo.
Estão nas giras, nas preces, nas orações simples que fazemos ao acordar, nos
pedidos de força que soltamos no vento. As Almas caminham conosco, nos ajudam
a enxergar, nos protegem e, quando precisam, também recebem amparo.
E aquelas que são encaminhadas através das nossas linhas de esquerda, dos
Pretos Velhos, dos Baianos seguem seu caminho no tempo e na hora certos. Cada
alma tem o seu passo. Cada passagem tem o seu ritmo.
Por isso, acredito que o 2 de novembro deve ser um dia de alegria, memória boa e
coração leve. Porque, se existe mesmo um portal que se abre nesse dia, e eu
acredito que sim , aqueles que nos amam e nos visitam lá do outro lado vão se
alegrar em ver que estamos bem, sorrindo, lembrando deles com carinho, e não
mergulhados em tristeza.
A dor é humana, eu sei, mas quando ela se transforma em apego ou revolta, acaba
virando peso, e esse peso pode até desviar uma alma da caminhada dela.
Que neste 2 de novembro, possamos acender uma vela com alegria, cantar com fé,
e deixar que a saudade vire força.
Porque as Almas não querem lágrimas, querem ser lembradas com luz, gratidão e
amor.
E Maria Navalha, lá de minha porteira, sorri quando vê que entendemos isso.
Axé das Almas.
Axé das Passagens.
Axé da vida que segue em todos os planos.

Elis Peralta
Elis Peralta D’Osun é sacerdotisa de Umbanda, empresária, autora e terapeuta integrativa. Sua trajetória é marcada pela busca de unir o sagrado ancestral com a vida prática, conduzindo pessoas a despertarem sua força interior e a caminharem com consciência espiritual. Criadora do Estrela Cigana Espaço Holístico desde 2007, Fundadora da Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda (TUEA) desde 2008, Elis tornou-se referência como líder espiritual, oraculista e facilitadora de cursos que resgatam tradições da Umbanda, da cultura cigana e afro-brasileira, além de práticas xamânicas e de cura natural... [+ informações de Elis Peralta]
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