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A Invenção do Diabo

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    WR Express
  • 9 de jul.
  • 9 min de leitura

Por: Pai Ortiz Belo

Imagem do livro 'Quem é Exu Mangueira', de Ortiz Belo de Souza Vulcano
Imagem do livro 'Quem é Exu Mangueira', de Ortiz Belo de Souza Vulcano

✅ 09/07/2025 | 08:56


É o título é intrigante, desafiador e provocativo! Antes mesmo de tecer comentários e

colocar aqui explanações que podem ser entendidas, ou não, digo assim, aqui expresso “um” pensamento ao qual acredito e faz parte de minha doutrina.


Quando citamos doutrina, entramos em uma diáspora de ordem religiosa, que se

tornou normativa em relação a seres espirituais que se utilizam de chifres. Vivemos

influenciados por determinadas narrativas, sendo estas, em sua maioria provenientes dos textos abraâmicos. Indo direto ao ponto: a maioria dos irmãos, principalmente em nosso país (Brasil), são influenciados diretamente pela bíblia, com seus textos distorcidos e erros de tradução, sem confiabilidade histórica. Lógico que o contexto abraâmico comporta as três maiores religiões existentes, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, estas religiões e seus textos deram e dão direcionamentos a muitos outros segmentos espirituais, inclusive dentro de algumas umbandas.


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Cresci em uma escola espiritual de oralidade, de conversa com guias espirituais, que

dentro de “um” conceito, trouxe o que hoje cito como sendo uma modalidade de

Umbanda, que não se faz presente em muitos lugares. Com ensinos do qual nos

arremetem a forças antigas, de escolas chamadas de “pagãs”, tornando racional em

relação ao que é realizado em nossos atos internos.


Em se tratando de Umbanda, é uma religião gigantesca, com uma pluralidade ímpar,

que deve ser respeitada em todos os seus fundamentos. Não estou aqui citando, que

todas as demais vertentes devem ser como estarei colocando, cada uma das modalidades possui sua raiz e seguem seus preceitos e está tudo certo. Porém, tendo em vista o crescimento em relação a alguns argumentos, me sinto no dever de fazer apontamentos que balizam a Umbanda Tradicional, a modalidade de religião que trabalho.


Quando cito os textos antigos, se buscarmos a sua essência, sua história, eles foram feitos para um povo, para uma época, e que de maneira “inteligente” inventaram os medos, o ser que atentou e confrontou Deus. Observando a invenção do diabo, do satanás, “no conceito deles”, foi uma grande “jogada”, se o indivíduo não estiver na igreja, na sinagoga, na mesquita, logo este é um infiel e vai queimar no inferno pela eternidade. Olha que Deus bondoso né, sendo irônico, qualquer um que pensar um pouco vai observar as controvérsias.


Entrando em uma explanação sobre as diretrizes que seguimos, observamos a

espiritualidade com um olhar bem cientifico, uma fé racionalizada. Vamos fazer um

exercício de pensamento, criemos em nossa mente uma ideia sobre a criação, em

especial o universo humano, aqui em nosso sistema solar e em nosso pequenino planeta. Imaginemos uma imensa bolha representando os planos da existência, vamos dividir em frequências, existem as mais límpidas e estas vão se densificando de cima para baixo, imaginemos uma linha horizontal no meio desta bolha. Nesta linha estamos nós, seres encarnados passando por processos interpretativos dos mais variados.


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Observando a imagem como a criação, portanto, dentro da racionalidade, tudo faz

parte da criação. Quando cito a criação digo, milhares de galáxias, planetas, estrelas e o nosso sistema solar. Tudo que existe possui frequência, vibração, magnetismo, energia, formando o que conhecemos consequentemente como os planos espirituais em torno da Terra. Entendendo que a ilustração não consegue retratar a profundidade dos planos espirituais, mas conseguimos interpretar que “tudo” é criado por um Poder chamado de Deus!


Os seres mais elevados, ou não, estarão naturalmente posicionados de acordo com sua

frequência, cada um de acordo com o que vibra. Em se tratando de espíritos humanos, estando encarnados ou não, estão ligados de acordo com sua frequência natural, e isso independe de religião, tem a ver com a essência do indivíduo, com o que ele constrói e tem em seu campo mental e emocional. Aqui está uma ciência espiritual ao qual trabalho e creio, fora disso, ao meu ver, são formas de interpretação que estão nas crendices. Entendendo que:

 * Religiões é uma criação humana

 * Os humanos em seu entendimento, nomearam tudo que existe


Médiuns ao longo do tempo, com sua sensibilidade, sentiram, observaram, foram

contatados e assim, trouxeram métodos de acessar os poderes provenientes da

espiritualidade. Tornaram-se assim, formas de se ligar aos campos vibracionais e suas

frequências, que foram nominadas de acordo com o povo, com sua cultura, atendendo

seus anseios. Entendendo que, todos os seres humanos, são médiuns, uns com mais

sensibilidade, outros como menos, construiu se assim, por séculos, o que hoje

conhecemos como religiões! Criou se desta forma vários paradigmas, cada um com seus receios, medos, crenças, forças e poderes, principalmente a dominação. As religiões livres e naturais, chamadas posteriormente de pagãs, foram e são perseguidas, por que em sua maioria sempre pregaram a liberdade em todos os sentidos. As religiões dos grilhões, vieram com um Deus castigador, dominador, com pecados e medos, formando a mancha do negativismo no mundo, o obscuro da espiritualidade.


Libertar a mente para interpretar isso, é de fato, um dos maiores exercícios da

humanidade, e digo, é para poucos se libertar do que foi imposto e criado em torno da

humanidade!


Na Umbanda encontramos um dos campos mais férteis para interpretar esta

espiritualidade ancestral, lógico, com as adaptações naturais, com as nomenclaturas

sobre as divindades como Orixás, com os guias de direita e esquerda e os Maiorais!

Sintetizando as órbitas espirituais, como fonte de elevação e conexão com todas as

frequências através de iniciações conduzidas por seres espirituais de alto grau, os guias.


Existe seres que habitam as vibrações mais elevadas e as mais densas, sim, seja no Alto ou no Embaixo, estão ali poderes da criação, que denominamos de acordo com o que acreditamos. No meu caso, dentro da doutrina que sigo, são Poderes de Divindades nas vibrações mais límpidas e nas mais densas os Maiorais.


Interpreta-se o positivo no Alto e o negativo no Embaixo, são “Poderes”, diferente de

positivado e negativado, que são estados mentais e emocionais. Assim como Direita e

Esquerda, é o positivo e o negativo, são polaridades de poderes, não tem absolutamente nada a ver com bom ou ruim, são polaridades, aos quais em frequências, habitam guias a direita e a esquerda.


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Entendido esta cosmogonia, vamos observar o que estava citando sobre os seres que

possuem chifres, antes mesmo de religiões abraâmicas serem dominantes, algumas

divindades apareciam com chifres, por falta de conhecimento, ou por oportunismo,

foram estigmatizados. O significado dos chifres é poder, elevação, grau, quando veio as religiões que citei, tudo foi colocado em padrões nada nobres, foi realmente satanizado. Portanto os exus, podem sim aparecer de chifres, sendo o chifre elemento de fundamento no assentamento de esquerda, exatamente com esta representatividade.


No astral o chifre é uma composição de extensão vibracional da mente superior, que em imagem faz parte de seres de alta inteligência e superioridade. No astral com

frequências com menos intensidade, a imagem aparece como uma auréola, ou halo,

como pode aparecer também como labaredas. Ambas as situações, seja de frequências

mais densas ou das mais límpidas, as essências são as mesmas, porém as aparências estão de acordo com o padrão que se encontram vibratoriamente.


A negativação sobre o chifre, criando o diabo católico, foi uma forma de dominação,

onde a satanização veio para atacar o sistema das religiões ancestrais, que foram

nominadas de pagãs. A imagem do diabo, amplamente difundida, tomou ares de

negatividade, de coisa ruim, e acabou por se tornam sim um fato. Nas esferas de

frequências mais densas, que é formado por variações vibracionais, possuindo camadas, constituiu sua formação por pensamentos e sentimentos. O diabo se tornou uma realidade em vibração e força, ele existe, porém, dentro do padrão de crença de cada indivíduo. Assim como satã, ou satanás, são poderes existentes, foram criados através de padrões mentais humano, formas pensamento que alimentam e criam realidades.


O diabo, e o satanás, são personificações de ordem destrutiva, que não compõem as

características de passividade e positividade, são evocados e ativados constantemente por frequências de medo, ódio, raiva, inveja. Os seres encarnados estão sempre em contato com estas vibrações, por trás destas personificações, estão espíritos de desencarnados que formam legiões de quiumbas e zombeteiros, que atuam por frequência. Portanto, basta ter em mente a maldade, ou em seu sentimento, o encarnado está à mercê destas vibrações.


O oposto, pensamentos e atitudes de amorosidade, de felicidade, de esperança, de fé,

atrairá forças e vibrações com frequências mais elevadas, proporcionando estar em

contato com as esferas que proporcionarão paz, prosperidade e evolução.


Entendendo que, os Maiorais, não estão na mesma qualificação do diabo e de satanás, é onde encontraremos Lúcifer, Belzebu, Asteroth e Astart. Poderes com qualificações

profundas na espiritualidade, inteligências da espiritualidade superior, porém, existe

várias interpretações de outros seguimentos que os colocam na mesma condição do

diabo e satanás. Entendendo que a lei de ação e reação, fazem parte dos poderes dos

Maiorais, e que cada um deles possui classificações distintas em atuação no Embaixo.

Nós seres humanos possuímos em nós as quatro vibrações espirituais, alto, embaixo,

direita e esquerda, estamos na linha horizontal na esfera da criação, possuindo em nós as condições de evolução experenciando os aspectos do alto e do embaixo. Se

observarmos e vivenciarmos em harmonia interior, estaremos em equilíbrio com o alto e o embaixo que habita em nós. Porém, vivemos em um plano enquanto seres encarnados com variações diversas, sempre as experiências com o embaixo são de tormento e atrito, caso não se tenha a sabedoria sobre ele.


O médium iniciado nos aspectos luciferianos, junto aos Maiorais, terá êxito em suas

tarefas espirituais, entendendo que, em hipótese alguma se utiliza de suas forças para

negativar quem quer que seja. A utilização com inteligência da espiritualidade se dá por, estudo, iniciação e entendimento de fato de como funciona mediunicamente este

mecanismo espiritual, que é um poder.


Entendendo que, existe as frequências que estão na força do diabo e do satanás, criadas pelos aspectos cristãos, nós até utilizamos em alguns momentos, mas entendam a finalidade. Assim como o veneno da cobra mata, também salva vidas, em algumas cantigas a conotação diabo e satanás, é para que entremos nas frequências análogas as que foram projetadas por outros irmãos encarnados. Também serve para adentrar no cerne vibracional que comporta os vícios mentais e emocionais, que sustentam os quiumbas e zombeteiros. Além disso, as vibrações de medo, de enfermidades ou da mente distorcida, necessitam ser quebradas em sua essência, aí se utiliza de nomenclaturas distintas, como palavras mais densas, entre elas, entendemos quando um exu profere um palavrão.


Quando citamos exu, seja masculino ou feminino, entendam, eles não são seres

emocionados, não possuem raiva ou amor, são racionais, agem de acordo com a Lei dos Maiorais, ação e reação.


Com esta colocação, a observação sobre demandas passa a ter outro teor, um médium

preparado, consciente, tem outra qualidade mediúnica. A atuação espiritual se torna

mais leva, os trabalhos com os guias se dá com a liberdade de atuação e elevação,

entendendo que tudo que está na criação faz parte da evolução humana.


Lógico que, se o indivíduo que acredita no inferno como já estigmatizado, acredita do

diabo como descrito, ele sofrerá por estar nesta frequência que é natural, tudo é uma

questão de fé. Existem sim, espíritos ruins, obsessores e afins que estarão atuando na

humanidade, mas cito que, um médium de Umbanda, possui características distintas.


Assim como os Orixás trazem em si os ensinamentos que promovem a evolução, os

Maiorais também, cada poder dentro de suas vibrações. A Umbanda Tradicional, com

as fundamentações dentro dos atos internos, promove aos médiuns o diferencial.

Proporciona ao indivíduo, um caminho seguro a ser percorrido, proporcionando

também está força para aqueles que são assistidos e aos estudiosos da espiritualidade.


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Lúcifer – representa o intelecto, a luz primordial e o livre arbítrio. Atua como o

desafiador e iluminador de consciências, promovendo transformação e despertar

espiritual por meio da prova e do confronto com a verdade interior.


Belzebu – É o senhor da força bruta, da ordem e da estrutura nas regiões densas.

Representa o domínio dos instintos e o controle da natureza inferior, mantendo a ordem espiritual e cármica onde reina o caos.


Astaroth ou Asteroth – Associado à sabedoria ancestral, ao mistério e à revelação dos

segredos ocultos. Atua como aquele que guarda os mistérios da alquimia interna, da

magia e do inconsciente profundo. Reina o invisível e as sombras que atuam no

consciente e inconsciente coletivo e na individualidade do desperto.


Astart ou Astarte – Muitas vezes associada à divindade antiga como Ishtar, Astart é

compreendida na Umbanda Tradicional como uma força Maioral feminina nos

domínios do embaixo, sustentando o poder da esquerda junto as pombagiras.

Representa o poder do desejo, da fertilidade espiritual, da atração e da alquimia

emocional. Atua como equilíbrio dos polos e guardiã do magnetismo oculto,

complementando a atuação dos demais Maiorais com uma força polar que é ao mesmo tempo sensual, sagrada e transformadora.



Babalorixá Fabio ti Odé - AxéNews

Pai Ortiz Belo

Escritor umbandista e espiritualista. Dirigente espiritual do Templo Portais de Umbanda desde 1997. Nasceu em berço religioso de Umbanda, consagrado pai pequeno aos 19 anos e dirigente aos 26. Filho de pai Xangô e mãe Oxum, sempre procurou fazer pela religião desde jovem, participando de momentos valiosos para a Umbanda. [+ informações do Pai Ortiz Belo]


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Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews.


 
 
 

1 comentário


Simone Carvalho
Simone Carvalho
09 de jul.

Pai Ortiz como é de extrema importância essa explicação.. entender que td faz parte da criação e como nossa conduta, pensamentos e ações nos ligam com os planos espirituais faz com que cada dia nos tornemos pessoas melhores .O ser humano precisa entender que ele próprio cria e se conecta com a espiritualidade.. td é baseado no que pensa e sente e faz . Gratidão por mais esse ensinamento. Sua benção pai e muito Axé à todos

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