Por: Iyá Vânia de Oyá
30/03/2024 | 14:24
Após muito tempo, me encontro aqui de volta ao papel e caneta para produzir conteúdo voltado para a minha religião, minhas lutas, as vezes com vitorias, e em alguns momentos com perdas e livramentos.
Vindo de uma família em que se prezava o respeito aos pais, avós, irmãos, primos tios, enfim todos, onde o amor sempre teve lugar cativo em nosso convívio, como pedir benção aos mais velhos da família, e até aquele “tio de consideração “. E assim conheci também o respeito e o amor a umbanda, e pasmem, ao catolicismo também, pois fui batizada aos 3 meses na umbanda e logo em seguida na igreja católica, pois ao contrário do que acontece hoje, existia respeito e cordialidade entre os membros de religiões diferentes.
Logo cresci conhecendo os dois seguimentos religiosos, cada um com seus dogmas e preceitos, mas com seus encantos e mistérios.
Por incrível que pareça a família ia na missa e ia nas sessões de umbanda rs rs rs, e nada parecia ser errado ou fora do prumo, fiz primeira comunhão e começando a entender o que era desenvolvimento espiritual na umbanda. Este fato nunca me atrapalhou em nada, nunca em minha juventude fui julgada ou rejeitada por colegas por seguir esse caminho.
Hoje vejo pessoas menosprezando membros da família, amigos e até desconhecidos, só por terem religiões diferentes, não professarem a mesma fé, e esquecem o amor ao próximo, a caridade que tanto a humanidade precisa, o direito que cada pessoa tem a escolher seu credo, e nas linhas da lei, a laicidade que nos é concedida constitucionalmente.
Cada religião tem seu próprio trato no tocante ao que acontece ao nosso espírito ao término de nossas vidas. Uns vão para o céu, outros dormem até o dia do juízo final, outros vão para o umbral, enquanto outros vão receber tratamentos de aperfeiçoamento espiritual e aguardar sua reencarnação. O fato é que independente do destino pós mortem, numa coisa eu acredito; a religião não nos define, a fé sim, esta faz toda a diferença. Desta forma, o ideal é que façamos sempre o bem, respeitemos e amemos sempre o próximo e pratiquemos a tolerância, respeito, empatia e a bondade. O segredo do depois deve ser colhido a partir dos frutos plantados.
Portanto, temos que tomar cuidado para que a intolerância contra a qual tanto lutamos, também não nos vitime, contamine e faça moradia em nosso cotidiano.
Que a paz de Oxalá esteja com cada um de nós, Axé!
Iyá Vânia de Oyá
Mãe Vânia D'Oyà é Professora, Pedagoga, sacerdotisa de Candomblé e Umbanda , fundadora e Iyalorisà do Ilê Asè Oyà Funan fundado no ano 2007, militante das causas pertinentes à Religião de matriz africana, pertencente a vários grupos e comissões que lutam contra o preconceito e racismo religioso.
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