Por: Átila Nunes
19/12/2022 | 09:23
Nos últimos anos, o crescimento dos casos de intolerância religiosa reforçou a necessidade de investimento em ações do poder público para proteger a liberdade de crença, garantida pela Constituição de 1988. O Brasil registra três queixas de intolerância religiosa por dia. O Rio de Janeiro ocupa o segundo lugar no ranking das denúncias, como aponta levantamento recente da GloboNews, com base nos dados do Disque 100. Uma pesquisa da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras mostra que quase metade dos terreiros do país registrou até cinco ataques nos últimos dois anos. Na vida pública desde 2013, tendo como principal bandeira e história familiar a luta contra o preconceito que atinge, principalmente, as religiões afro-brasileiras, implementei a criação da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), durante a minha gestão como secretário estadual de Direitos Humanos. A lei para criação da especializada havia sido aprovada pelo deputado Átila Nunes (PSD), na Assembleia Legislativa do Rio. Como parlamentar, sou autor de leis que visam a prevenção e punição de crimes de intolerância.
A ideia de termos no Rio de Janeiro uma delegacia especializada no combate ao preconceito nasceu da constatação de que muitas vítimas deixavam de comunicar o crime por não se sentirem compreendidas ao registrarem a ocorrência policial. Foram dez anos para o nosso projeto sair do papel e finalmente em dezembro de 2018, inauguramos a unidade na Rua do Lavradio, no Centro do Rio. Exemplo para outros estados, a Decradi conta com agentes treinados e preparados para identificar a discriminação e garantir à vítima um atendimento digno e com respeito.
A tentativa de marginalizar o povo de axé, ou seja, dando um tratamento de cidadãos de segunda classe, precisa ser combatida dentro de instituições públicas e privadas. Os impostos pagos por um umbandista valem tanto quanto o de qualquer outra pessoa, bem como os direitos não se diferem. Sendo assim, por que a demora com as documentações de um terreiro que precisa ser formalizado? Precisamos cobrar a prática da lei que nos assegura a legalização. Devemos caminhar de cabeça erguida e denunciar os intolerantes. Não nos coloquemos na posição de inferiores, pois não somos.
Xangô é o Orixá da justiça. Um dos pontos mais lindos da divindade diz ‘’se um dia eu perder a fé no meu senhor, que role essa pedreira sobre mim’’.
Assim resumo a minha crença em Aruanda. Seguirei lutando, cobrando e criando formas de combater o preconceito na vida pública para que a liberdade reflita no dia a dia dos irmãos das mais diversas religiões do nosso Rio. Precisamos ter orgulho da nossa fé!
Átila Nunes
Carioca, 48 anos, casado, pai de dois filhos adolescentes, o vereador
Átila A. Nunes (PSB) é líder do governo na Câmara Municipal do Rio e está em seu terceiro mandato. Membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos de Matriz Africana, ele cresceu num lar de família umbandista. [+ informações de Átila Nunes]
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