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O esgotamento emocional das mulheres pretas manifestado em diversas camadas

Por: Cibele Martins


✅ 26/11/2024 | 09:36


O esgotamento emocional é uma realidade que atinge muitas pessoas, mas as mulheres pretas enfrentam um conjunto específico de desafios que agravam essa situação. A interseccionalidade entre raça, gênero e classe social cria um cenário único de opressão e resistência, onde as mulheres pretas muitas vezes se veem sobrecarregadas por expectativas sociais, pressões culturais e discriminação.



As mulheres pretas frequentemente carregam o peso da responsabilidade não apenas pela sua própria vida, mas também pela sua família e comunidade. Muitas vezes, são vistas como os "pilares" do lar, assumindo múltiplos papéis — cuidadoras, provedoras e líderes comunitárias. Essa expectativa pode ser exaustiva e levar a um estado constante de estresse. Além disso, enfrentam discriminação racial no trabalho e na vida cotidiana, o que contribui para sentimentos de impotência e frustração.


O cotidiano das mulheres pretas é frequentemente marcado por microagressões — comentários ou ações sutis que revelam preconceito racial. Essas experiências constantes podem acumular-se ao longo do tempo, resultando em um desgaste emocional significativo. O racismo estrutural também se manifesta em barreiras para acesso a serviços de saúde mental adequados, tornando ainda mais difícil para essas mulheres encontrar apoio quando precisam.


A ideia de que as mulheres pretas são "fortes" ou "resilientes" pode ser uma armadilha. Embora essa força seja uma qualidade admirável, ela também pode levar à desumanização, onde suas lutas emocionais são minimizadas ou ignoradas. Essa expectativa de resiliência pode fazer com que se sintam culpadas por não conseguirem lidar com tudo sozinhas, aumentando o esgotamento emocional.


O esgotamento emocional pode manifestar-se de várias maneiras: ansiedade, depressão, exaustão física e mental. O estigma associado à saúde mental na comunidade negra muitas vezes impede que essas mulheres busquem ajuda profissional. A falta de representação em espaços terapêuticos também contribui para essa dificuldade; procurar ajuda pode ser desafiador quando não há profissionais que compreendam suas vivências específicas.


É fundamental promover diálogos sobre saúde mental dentro da comunidade negra e criar espaços seguros onde as mulheres possam expressar suas emoções sem julgamento. A sororidade é uma ferramenta poderosa; apoiar umas às outras em momentos difíceis pode aliviar a carga emocional. Além disso, a valorização da ancestralidade e das práticas culturais pode servir como um meio de fortalecimento emocional.


Programas voltados para o empoderamento das mulheres pretas podem ajudar a construir resiliência coletiva e oferecer recursos para lidar com o esgotamento emocional. A educação sobre saúde mental deve ser uma prioridade nas comunidades, promovendo o acesso a informações e serviços adequados.


Um ambiente deve ser seguro para todos e não apenas para uma respectiva parte.



Cibele Martins - AxéNews

Cibele Martins

Iniciei minha jornada no culto tradicional de candomblé para Oyá, pela nação do Efon, em 2014. Filha do respeitado líder religioso Babalorixa Sr. Michel de Odé e  pertencente à hierarquia do Asé Egbe Efon Odé Bilori, localizado no distrito de Terra Preta – Mairiporã/SP. Asé reconhecido e interligado diretamente ao tradicional Ilé Ògún Anaweji Ìgbele Ni Oman, também conhecido como Àse Pantanal, localizado em Duque de Caxias-RJ, sob a diligência religiosa da sacerdotiza Sra. Iya Maria de Xango, a Matriarca da Nação de Efon.   [+ informações de Cibele Martins]



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Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews.



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