Juventude e Umbanda: um encontro transformador de consciências
- WR Express
- 14 de set.
- 2 min de leitura
Por: Filipi Brasil

14/09/2025 | 09:17
A relação entre a juventude e a Umbanda tem se intensificado nas últimas décadas, revelando um movimento espiritual que dialoga com os anseios contemporâneos das novas gerações. Em um mundo marcado por incertezas, transformações sociais aceleradas e o enfraquecimento de vínculos institucionais tradicionais, muitos jovens têm encontrado nos terreiros um espaço de acolhimento, escuta e pertencimento. A Umbanda, com sua sabedoria ancestral e sua linguagem simbólica profundamente enraizada na espiritualidade brasileira, se mostra surpreendentemente atual ao tratar de questões emergentes como identidade, saúde mental, sexualidade, justiça social e ecologia espiritual.
Ao contrário de muitos discursos religiosos que se estruturam em normas rígidas e julgamentos morais, a Umbanda se destaca por sua abertura amorosa e ausência de dogmas. Os guias espirituais, ao se manifestarem nos trabalhos, não impõem verdades absolutas, mas convidam à reflexão, ao autoconhecimento e à transformação íntima. Com firmeza e doçura, ajudam o jovem a compreender suas dores, seus conflitos e potenciais, sem negar sua realidade. É comum ouvir de um preto-velho, de um caboclo ou de uma pomba-gira palavras que tocam o íntimo, que desarmam a culpa e despertam responsabilidade: “Meu fio, tudo tem jeito, se tiver coragem de se olhar por dentro e caminhar com fé.”
Os terreiros que acolhem a juventude com seriedade compreendem que o jovem de hoje não busca uma religião que o aprisione, mas uma espiritualidade que o liberte — que o ajude a dar sentido à vida, a encontrar direção em meio ao caos, e a cultivar uma ética do cuidado de si, do outro e da Terra. Nesses espaços, a mediunidade, o toque dos atabaques, a dança, a força dos pontos cantados e a prática da caridade se tornam caminhos para despertar a consciência, romper com ciclos de dor e semear novas possibilidades de existência.
A Umbanda ensina que ser espiritual não é estar acima dos outros, mas estar disposto a servir, a evoluir, a ser instrumento de paz e luz. Por isso, ela oferece ao jovem não apenas um lugar de fé, mas uma escola de vida, onde é possível aprender a se tornar uma pessoa melhor, mais ética, empática e conectada com os princípios da coletividade. É nesse chão sagrado que muitos jovens têm reencontrado sua força, sua ancestralidade e o compromisso com a construção de um mundo mais justo e amoroso — pois, como ensinam os guias, “melhorando o nosso mundo interno, ajudamos a melhorar o mundo lá fora”.

Filipi Brasil
Filipi Brasil é médium, escritor e estudioso da seara umbandista há mais de 25 anos. Sacerdote do Templo Espiritualista Aruanda, Filipi é também psicólogo, Mestre em Psicologia, especialista em Psicologia Transpessoal, além de ter MBA em Gestão pela Qualidade Total, em Educação Corporativa, e em Gestão de RH. Terapeuta Holístico, Filipi também tem formação em Coach, é consultor de RH e de Desenvolvimento Humano. Autor dos Livros Sob o Céu de Aruanda, Zé do Laço e Mariazinha, Filipi é também co-autor do livro As Cartas Ciganas e os Orixás.
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Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews. |
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