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COP30 e as crianças das comunidades tradicionais de terreiro – diálogos trazidos pelas marés dos rios

  • Foto do escritor: WR Express
    WR Express
  • há 12 horas
  • 2 min de leitura

Por: Marta Ferreira D’Oxum

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✅ 06/12/2025 | 10:59


As contradições da COP30 são gigantescas, mas as aprendizagens que ela tem proporcionado também são. Estar na COP30 confluindo com as mais diversas comunidades tradicionais e povos originários é de uma riqueza ímpar. Esse espaço pautado na dinâmica colonial com roupagens de sustentabilidade nos conduz a reflexões, diálogos e organização de estratégias conduzidas por nossas políticas comunitárias (como tão bem falado pelo professor Nielson Bezerra) que mantém nossas tradições vivas por séculos.


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Apesar do grande incômodo causado ao circular pela Zona Azul, entendo que precisamos ocupar esses espaços, em redes e, principalmente, aprender como utilizar o pequeno espaço de participação como abertura de caminho para nossas lutas contínuas.


O que me trouxe um novo fôlego foi a Marcha dos Povos – caminhar ao lado das mais variadas comunidades tradicionais e povos originários foi de uma emoção sem tamanho. E a certeza que a palavra desistir não entra nossos vocabulários, apesar do contínuo processo de tentar nos dizimar de uma vez por todas na necropolítica de séculos. Carregar o crachá da Zona Azul é buscar minimizar nosso apagamento e carregar o que tenho de mais precioso para esse lugar – minha Egbé/Comunidade.


Os encontros e reencontros com as nossas e os nossos, as conversas, debates, andanças, risos e divisão de preocupações e possibilidades de caminhos para soluções, tem sido potente e aponta direções possíveis.


Vim trazendo na bagagem as vozes das crianças e jovens do Ile Asé Omi Lare Ìyá Sagbá/Duque de Caxias-RJ – desenhos, cartas, colagens, as mais diversas linguagens como sopros de esperanças em dialogia com os saberes de terreiro e a crise climática que presenciamos em nossos cotidianos. Seus ancestrais são a base das narrativas que revigoram e nos faz perceber como as tradições continuam vivas e reverberando em quem dará continuidade. Crianças e jovens que cantam, dançam, escrevem das mais variadas formas e fazem questão de oferecer suas contribuições para questões tão urgentes e sérias. São essas atitudes que não deixam que o pessimismo tome conta e fortalecem minha Orí para as resistências cotidianas em espaços tão duros com nossas realidades.


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As redes estão sendo tecidas, os posicionamentos das crianças e jovens do Ile Asé Omi Lare Ìyá Sagbá reverberam pelos caminhos dos rios que formam essa Belém de povos acolhedores, brisa quente, sabores diversos e magias que nos ensinam a arte da diplomacia e a teimosia em nos mantermos vivos, visíveis e em movimento – rios sinuosos, mas em contante movimento e sujeito a correntezas sem aviso prévio.




Mãe Marajoana de Xangô - AxéNews

Marta Ferreira D’Oxum

Yakekerê/Mãe Pequena do Ilè Asé Omi Larè Ìyá Sagbá (Duque de Caixas /RJ). Doutora em Educação pela UNICAMP. Mestra em Educação pela UERJ. Historiadora e Pedagoga. Pesquisas em: Educação nos dos Terreiros, Infâncias de Terreiro, Letramento Racial, Ensino de História com ênfase em Educação Antirracista, reflexões sobre Filosofias Afrodiaspóricas e Racismos Religiosos... [+ informações de Marta Ferreira D’Oxum]



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|| Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews.

 
 
 

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