Por: Ìyáloriṣá Élida Ti Ọya

✅ 13/02/2025 | 18:05
Os agbás, ou idosos, desempenham um papel fundamental na preservação e transmissão das tradições do Candomblé. Eles são os guardiões do saber ancestral, portadores de um conhecimento profundo sobre rituais, mitologia, história e ética do culto. A presença dos agbás é vital não apenas para a continuidade das práticas sagradas, mas também para a formação da identidade cultural da comunidade. Suas histórias, vivências e ensinamentos são um elo entre o passado e o presente, nutrindo as novas gerações com valores e ensinamentos que moldam a espiritualidade do Candomblé.
Os cuidados com os idosos têm um significado especial dentro desta tradição. É fundamental que as comunidades de Candomblé ofereçam suporte físico e emocional, garantindo que os agbás se sintam valorizados e respeitados. Isso pode incluir a criação de espaços adequados para sua participação, além de promover a acessibilidade durante os rituais e celebrações. É importante que os jovens aprendam a reconhecer a sabedoria dos mais velhos, promovendo um ambiente de respeito mútuo onde as experiências dos agbás sejam apreciadas e integradas ao cotidiano do culto.
A integração dos idosos com os jovens no Candomblé é um processo que enriquece ambas as partes. Os jovens trazem nova energia, ideias e perspectivas que podem revitalizar rituais e práticas, enquanto os agbás oferecem profundidade e conexão com as tradições. Para promover essa convivência, é essencial criar oportunidades de interação, como celebrações conjuntas, workshops e rodas de conversa em que as vozes dos mais velhos sejam ouvidas. Essa troca não apenas fortalece os laços entre gerações, mas também assegura que o conhecimento flua de maneira harmoniosa, contribuindo para a evolução da prática.
O impacto da nova geração no Candomblé é notável, especialmente em um mundo em rápida transformação. Os jovens estão mais conectados à tecnologia e ao multiculturalismo, o que pode levar a uma reformulação das formas tradicionais de expressão religiosa. Embora isso possa ser desafiador, também representa uma oportunidade de reimaginar certas práticas e atrair novos adeptos para a religião. No entanto, é vital que essa modernidade não faça com que as raízes e ensinamentos dos agbás sejam esquecidos; ao contrário, devem ser vistos como uma base sólida sobre a qual novas expressões podem florescer.
Por fim, a convivência entre os jovens e os idosos no Candomblé se revela como uma dança harmoniosa que requer adaptação de ambos os lados. Os idosos, muitas vezes, possuem uma visão que reconhece a importância de respeitar as tradições, mas também a necessidade de evolução. A abertura para um diálogo intergeracional é essencial, onde os jovens possam expressar suas inquietações e inovações, enquanto os agbás compartilham suas vivências e orientações.
Assim, o Candomblé pode se fortalecer, preservando sua essência e, ao mesmo tempo, se adaptando aos tempos modernos. A relação entre as gerações não é apenas uma questão de passagem de conhecimento, mas uma construção colaborativa que valoriza o passado e abraça o futuro. Com isso, os agbás permanecem como pilares de sabedoria e amor, iluminando o caminho para todos que buscam compreender a riqueza desta tradição espiritual.
Na foto: Ìyámoro Neide Ti Osòósì | Ilé Alákétu Àṣẹ Aìyè Afèfè
Fotografia: Thiago Xavier Ofabebe

Ìyáloriṣá Élida Ti Ọya
Sacerdotisa do Àṣẹ Alákétu Aìyè Afẹ́fẹ́, onde promove os valores, cultos e saberes ancestrais das tradições afro-brasileiras. Com uma trajetória dedicada à cultura e à religiosidade de matriz africana, ela atua como Coordenadora de Comunicação da confraria Oloyá’s e ocupa o cargo de Coordenadora Geral do evento Awo, onde contribui para a valorização e visibilidade das práticas religiosas no espaço público. Além disso, Ìyáloriṣá Élida é assessora do projeto Melodias de Terreiro, uma iniciativa voltada para a preservação do povo de terreiro. Escritora e acadêmica da APALARJ (Academia Pan-americana de Letras e Arte do Rio de Janeiro). [+ informações de Ìyáloriṣá Élida Ti Ọya]
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Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews. |
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