A empatia no Terreiro de Candomblé e Umbanda
- WR Express
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Por: Iyá Vânia de Oyá

30/09/2025 | 18:22
Dentro dos terreiros de Candomblé e Umbanda, a empatia é mais do que uma simples qualidade humana; ela é uma força que une as pessoas e permite que se criem laços profundos entre os indivíduos, entre os praticantes e os orixás, os guias espirituais e as entidades que regem esses cultos. Esses espaços sagrados são construídos sobre pilares de respeito, amor e compreensão mútua, onde a empatia não é apenas um valor, mas um componente essencial para a harmonia espiritual e social.
No Candomblé e na Umbanda, os praticantes sabem que a caminhada espiritual é individual, mas também coletiva. Cada um, com sua história, desafios e evolução, traz consigo uma energia única que, quando bem canalizada, fortalece o grupo e cria um ambiente de acolhimento. A empatia, portanto, se traduz em escuta ativa, compreensão dos sofrimentos alheios e, acima de tudo, respeito pelo tempo e pela trajetória de cada pessoa.
Quando alguém chega a um terreiro, muitas vezes carregando dores, dúvidas ou dificuldades, a empatia dos mais experientes se torna um alicerce importante para o processo de cura e acolhimento. O toque de mão, o olhar atento, o abraço acolhedor, ou simplesmente a presença silenciosa são formas de empatia que auxiliam no restabelecimento do equilíbrio físico e espiritual.
No Candomblé, especialmente, onde as tradições orais e as práticas de iniciação demandam um profundo comprometimento com a comunidade, a empatia se manifesta na relação de cuidado com os mais novos, como uma forma de transmissão de sabedoria e responsabilidade. Não se trata apenas de aprender sobre os rituais, mas de viver esses ensinamentos no cotidiano, em atitudes de respeito e colaboração.
Na Umbanda, a empatia também é fundamental, pois a comunicação com os espíritos e entidades exige uma abertura emocional que vai além da compreensão racional. O médium deve estar em sintonia com as energias dos outros, reconhecendo suas dores, seus medos e suas necessidades espirituais, para então oferecer o auxílio e os conselhos necessários. Aqui, a empatia se torna um canal de luz, tanto para quem busca ajuda quanto para aqueles que se dedicam ao atendimento.
É importante lembrar que a empatia no terreiro não se limita ao espaço físico do culto. Ela se reflete na vida cotidiana dos membros da comunidade, nas ações de apoio mútuo, no respeito às diferenças e na solidariedade que atravessa todas as relações. O terreiro é, muitas vezes, um refúgio onde as pessoas se sentem seguras para se expressar, buscar orientação e fortalecer os laços com suas raízes espirituais.
Assim, a empatia no Candomblé e na Umbanda é um elo poderoso, que fortalece a energia dos rituais e proporciona uma convivência mais harmoniosa. Ela se aprende e se pratica, não apenas nas celebrações e cerimônias, mas na forma como os praticantes se veem e se cuidam uns aos outros, promovendo o respeito e a cura.

Iyá Vânia de Oyá
Mãe Vânia D'Oyà é Professora, Pedagoga, sacerdotisa de Candomblé e Umbanda , fundadora e Iyalorisà do Ilê Asè Oyà Funan fundado no ano 2007, militante das causas pertinentes à Religião de matriz africana, pertencente a vários grupos e comissões que lutam contra o preconceito e racismo religioso.
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