Por: Lucas Franco
01/05/2023 | 14:54
Compartilho com vocês uma reflexão que faço há algum tempo, e acredito ser necessária, principalmente em tempos em que valores do materialismo vem inundando as mentes e tornando-se pedra angular das pessoas ditas espiritualistas.
Há algum tempo tem se tornado comum observar, principalmente nos meios umbandistas, entre frequentadores e até mesmo em trabalhadores de Terreiro, que indicadores materiais são usados como padrão de medida do poder espiritual de uma corrente, de um médium e/ou de um terreiro.
Mas o que é um terreiro próspero?
Aquele com pomposa estrutura de pessoal e material?
Será que de fato esses dois fatores são suficientes para determinar alguma coisa?
Não é regra, mas nós encarnados, para respondermos essa pergunta, somos na maioria das vezes, guiados pela visão. Afinal, a nossa sociedade enaltece o sentido da visão como o mais importante.
Ao longo da vida, a maioria de nós torna-se especialista em "julgar os livros pela capa".
Logo, para essas pessoas, o terreiro próspero é aquele grande e bonito, com centenas de médiuns, que possui uma receita mensal alta, faz muitas festas, grandiosas oferendas, arrastam incontáveis pessoas, ou então, aquele em que os médiuns ministram cursos, escrevem livros e falam nas redes sociais para milhares.
Não estamos criticando nenhuma dessas práticas, que devem ser buscadas de forma sadia, como aperfeiçoamento da obra de modo geral, trazendo conforto, possibilidades e alcance da mensagem. Sempre na medida exata que a espiritualidade que guia a casa permite e estimula.
O que as pessoas devem ter em mente é que todas essas características físicas, visíveis, numéricas, que todos as visualizações, likes, seguidores entre outras coisas, são apenas meio e não fim. Não deve ser o objetivo.
Podem ser indicativos de potência espiritual e amor, sim; mas também podem ser grande pedra de tropeço, transformando o espaço ancestral em território mercantilista e predatório.
O que diz realmente se um terreiro é próspero é o alinhamento com a missão espiritual que ele recebeu.
É estar cumprindo o propósito trazido pelos guias.
É o tanto de simplicidade, esperança, consolo e força que ele espalha nos corações, independente dos meios.
O número de vidas que ele transformou. São as pessoas consoladas, homens e mulheres, que entraram lá quebrados pelas circunstâncias da vida e saíram fortalecidos.
Esse é o objetivo da Umbanda, e de uma casa que se diz de Umbanda.
Independente se está sendo feito embaixo de uma copa de árvore ou num grande prédio. No chão de terra, com apenas 3 médiuns e sem recursos materiais, ou num salão bonito e organizado com 600 trabalhadores, e ótima estrutura.
Seja nos fundos de uma casa, na roça ou num palacete.
Devemos usar muito mais que a visão, quando chegarmos num terreiro.
Não nos deixemos embriagar pelo materialismo.
Precisamos lembrar da Umbanda dos corações. Daquela forma de ver a vida para além da vida material.
Terreiro bom é aquele que nos faz bem. Mas não só isso, também deve nos estimular o sentimento de fraternidade.
É aquele solo que nos fortalece e nos ajuda a sermos pessoas melhores.
Na Umbanda, o mais importante não é visto com os olhos físicos e sim com os da alma.
Saravá Fraterno!
Paz e bem!
Lucas Franco
Lucas Franco é funcionário público. Nasceu na Umbanda, fazendo parte da quarta geração de umbandistas de sua família. É palestrante e dirigente da Fraternidade São Miguel Arcanjo, casa situada no Rio de Janeiro.
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