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Páscoa e Povos de Axé

  • Foto do escritor: WR Express
    WR Express
  • 21 de abr.
  • 2 min de leitura

Por: Adriano Cabral


✅ 21/04/2025 | 13:14


A Páscoa, uma das principais celebrações do cristianismo, simboliza a ressurreição de Jesus Cristo e é marcada por eventos de renovação e esperança. Entretanto, sua relação com os povos de matriz africana e suas tradições é multifacetada, refletindo um diálogo cultural e sincrético que emergiu ao longo da história, especialmente durante o período colonial.



Os povos de matriz africana no Brasil e em outras partes das Américas trouxeram consigo suas tradições, crenças e práticas espirituais, que frequentemente se entrelaçaram com as práticas cristãs. Esse sincretismo ocorreu de maneira a preservar elementos de suas culturas enquanto se adaptavam à nova realidade imposta pela colonização e pela escravidão. Durante a Páscoa, por exemplo, é possível observar influências africanas em algumas celebrações e rituais.


Uma das expressões dessa relação é a forma como o conceito de renascimento e renovação, simbolizado na Páscoa, se relaciona com as tradições africanas de culto aos ancestrais e celebrações da vida. Os africanos escravizados frequentemente investiam essas festividades com novos significados, relacionados à liberdade, à resistência e à afirmação de suas identidades culturais. Com isso, a Páscoa reveste-se de um caráter adicional, que se afasta da prática cristã tradicional e incorpora elementos de força e resiliência das culturas africanas.


Além disso, o simbolismo da morte e renascimento, tão presente nas tradições africanas, também ecoa na Páscoa. Em diversas religiões africanas, a morte não é vista como um fim, mas como uma transição e um passo para uma nova fase, similar à ideia da ressurreição.


E, em muitos contextos, as celebrações da Páscoa nas comunidades afro-brasileiras incluem práticas e rituais que envolvem danças, músicas e oferendas que invocam a proteção e a bênção dos ancestrais, além de enfatizar a comunhão e a unidade familiar, aspectos que são centrais tanto nas tradições africanas quanto nas celebrações cristãs.


Por fim, é importante destacar que, apesar dessas interconexões, as tradições de matriz africana mantêm sua singularidade e autonomia. A Páscoa, portanto, é um exemplo do sincretismo que caracterizou a história religiosa do Brasil e das Américas, onde diferentes tradições se encontram, se respeitam e se reconfiguram, criando um rico mosaico cultural que enriquece a identidade brasileira.



Adriano Cabral - AxéNews

Adriano Cabral

Dr. h. c. Luiz Adriano Santos Cabral (Adriano Cabral) é filósofo formado pela UCP Petrópolis; MBA em Administração Pública; Pós graduado em docência de Filosofia e Teologia; Primeiro secretário da Comissão de Combate a Intolerância Religiosa da OAB 22° Subseção Magé/ Guapimirim... [+ informações de Adriano Cabral]  


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|| Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews.

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