Por: Iyalorixá Branca Pereira
04/01/2024 | 11:39
Esta religião é linda de ser praticada e cultuada. Mas como em tudo na vida, temos primeiro de dar antes de receber. O que normalmente acontece para as pessoas se interessarem pela religião? A maioria por necessidade!
Existem na realidade muitas pessoas que precisam de ajuda sim. Começam por uma consulta, onde além de serem esclarecidas acerca dos seus problemas e receios, têm sempre oportunidade de perceber como se processam as coisas dentro de um terreiro, no caso de precisarem de fazer o seu desenvolvimento espiritual.
Assistem a uma Festa e ficam apaixonados pela beleza dos Orixás, pelos nossos fatos, pela recepção que tiveram, pela grandiosidade do Ilê Asé, pela comida servida. Mas o que foi mais importante aqui? A ENERGIA QUE RECEBERAM, e que levam consigo pois o coração se enche e não se consegue explicar o que se sente.
Orixá é pé no chão, é humildade, é alegria, é amor, é fé e, na realidade, a verdadeira Festa deles é antes do Àjodún no barracão, quando lhes são dadas as oferendas para lhes agradar e agradecer as bençãos recebidas, e onde pedimos que nos continuem a abençoar e proteger.
As pessoas que entram única e exclusivamente para só resolver os seus problemas e nada mais, não estão na religião certa…
Os Orixás nos mostram o caminho e nos livram de muita coisa que às vezes nem percebemos, mas nós temos sempre que fazer a nossa parte. Iremos ter muitas contrariedades e vamos nos questionar muitas vezes porque determinadas coisas não vão acontecer. Aqui entra a nossa fé e acreditar que o que está a acontecer será sempre o melhor para nós, pois muitas vezes existe a culpabilização que o Orixá não está a dar aquilo que as pessoas desejam ou então a Iyalorisá ou o Babalorisá não são os melhores.
Ora bem, as pessoas têm de compreender que têm de fazer a sua parte, rever as suas atitudes, praticar o bem, não invejar e não querer o que não lhes pertence e tantas outras coisas …. Esta é a nossa aprendizagem dentro de uma religião como esta que ensina exatamente isso, ou seja a ter fé, aprender a confiar e a acreditar que ELES vêm mais do que nós e nos darão o melhor para a nossa caminhada
O ser humano é falho e, portanto, nunca será perfeito por isso dentro desta religião temos o Orixá Tempo para aprendermos a ter paciência e saber esperar pelo momento certo, agir com outras atitudes, outros comportamentos, sermos humildes e iguais e tentar sempre mudarmos todos os dias para sermos seres humanos melhores e espalharmos a palavra da fé, da esperança, do amor e cuidar do próximo, sem pensarmos só em nós.
Um terreiro é uma Ebgê, seja uma Comunidade, onde todos somos uma familia espiritual. A nossa União é a nossa Força. Devemos apoiar uns aos outros e não criticar uns aos outros!
Se um irmão não estiver passando bem, o que devemos fazer? Dar-lhe um abraço e dizer que estamos ali, que tudo vai passar e que o Orixá vai indicar o caminho certo.
Se deixarmos o nosso Ego fora do portão será mais fácil!
Sem nos preocuparmos quem está, NÓS ESTAMOS! Isso é que é importante, estarmos de coração e agradecer por termos encontrado o nosso caminho.
Existe uma grande diferença entre fazer o Santo e ser do Santo. Quem é do Santo conta os dias para chegar logo a função e visita sempre a sua Casa de Candomblé, nem que seja para ficar perto do seu Orixá, e tomar a benção do seu Pai/Mãe de Santo e dos seus mais velhos. Vai por fé, amor e devoção e não por obrigação.
Sabe que tem hora para chegar e não tem hora para sair nem dormir, e estará sempre com um sorriso no rosto e alegria no coração. Sabe o que significa e valoriza a hierarquia, porque desde cedo aprendeu o seu Rumbê de Santo, e sabe que sendo um bom filho certamente será um bom Pai.
Vê a Casa de Candomblé como um templo, um local sagrado, que deve ser amado, defendido e respeitado. Sabe esperar o seu tempo e a sua hora e não antecipa nada e confia o seu destino ao Orixá, porque sabe que só o Orixá conhece o momento certo para todas as coisas
Fazer Santo é fácil, ser do Santo é difícil, porque quem é do Santo sabe que nem ele nem ninguém é mais importante que o Orixá.
Enfim, ser do Santo é permitir que o Orixá se instale dentro do seu coração para sempre, sem qualquer interesse, apenas por amor!
Iyalorixá Branca Pereira
Sou formada em Secretariado Executivo e Tradutora correspondente em línguas estrangeiras pela antiga ESCOLA LUSITÂNIA FEMININA em Lisboa (Portugal). Durante 35 anos trabalhei como Secretária Executiva em duas Empresas, uma por 20 anos, e a outra por 15 anos. Em simultâneo, fui tradutora oficial da Escola de Línguas BERLITZ em Lisboa. [+ informações de Iyalorixá Branca Pereira]
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