Por: Cibele Martins

✅ 13/01/2025 | 12:39
A rivalidade feminina no Candomblé é um tema complexo que reflete não apenas as dinâmicas internas das comunidades de terreiro, mas também as influências sociais e culturais mais amplas. O Candomblé, como uma religião afro-brasileira rica em tradições e práticas, é também um espaço onde as mulheres desempenham papéis fundamentais como mães de santo, sacerdotisas e líderes espirituais. No entanto, essa força feminina pode ser, paradoxalmente, acompanhada por tensões e rivalidades.
Essas rivalidades podem surgir por diversos motivos. Um dos principais fatores é a disputa pelo reconhecimento e pelo poder dentro da hierarquia do terreiro. As mães de santo, que são figuras centrais na religião, muitas vezes enfrentam desafios não apenas na liderança espiritual, mas também na administração de suas comunidades. A competição por adeptos, recursos e prestígio pode criar um ambiente onde rivalidades se intensificam.
Além disso, a rivalidade pode ser exacerbada por questões de ego e status. Em um espaço onde o respeito e a reverência são essenciais, algumas mulheres podem sentir a necessidade de afirmar sua posição ou superioridade em relação a outras. Isso pode levar a conflitos que refletem não só as relações pessoais, mas também as expectativas sociais sobre o papel da mulher na religião.
Outro aspecto importante é a influência da sociedade patriarcal que permeia todas as esferas da vida. Embora o Candomblé ofereça um espaço de empoderamento para mulheres, ainda existem resquícios de preconceitos que podem se manifestar nas interações entre elas. Rivalidades podem ser alimentadas por estereótipos e julgamentos que reforçam a ideia de que as mulheres devem competir entre si ao invés de se apoiar mutuamente.
No entanto, é crucial destacar que nem todas as interações entre mulheres no Candomblé são marcadas pela rivalidade. Muitas mães de santo e praticantes cultivam laços profundos de solidariedade e irmandade. Elas compartilham ensinamentos, experiências e suporte emocional, criando uma rede de apoio que fortalece suas práticas espirituais.
A superação da rivalidade feminina no Candomblé envolve um trabalho contínuo de conscientização sobre o valor da colaboração e do respeito mútuo. Ao reconhecerem suas histórias compartilhadas e o poder de sua união, as mulheres podem transformar essas rivalidades em alianças que enriquecem não apenas suas vidas pessoais, mas também a própria religião.
Em suma, a rivalidade feminina no Candomblé é um reflexo das complexas dinâmicas sociais e culturais presentes na sociedade. Embora existam desafios, o potencial para criar um ambiente de apoio e empoderamento é igualmente forte. A história do Candomblé é repleta de mulheres poderosas que têm contribuído para sua evolução; aprender com essas experiências pode ajudar a construir uma comunidade mais harmoniosa e solidária.

Cibele Martins
Iniciei minha jornada no culto tradicional de candomblé para Oyá, pela nação do Efon, em 2014. Filha do respeitado líder religioso Babalorixa Sr. Michel de Odé e pertencente à hierarquia do Asé Egbe Efon Odé Bilori, localizado no distrito de Terra Preta – Mairiporã/SP. Asé reconhecido e interligado diretamente ao tradicional Ilé Ògún Anaweji Ìgbele Ni Oman, também conhecido como Àse Pantanal, localizado em Duque de Caxias-RJ, sob a diligência religiosa da sacerdotiza Sra. Iya Maria de Xango, a Matriarca da Nação de Efon. [+ informações de Cibele Martins]
Redes Sociais de Cibele Martins
Artigo de Opinião: texto em que o(a) autor(a) apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretações de fatos, dados e vivências. ** Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do AxéNews. |
Comments